14 de nov. de 2012

Teste – Mini Cooper Coupé S mantém o tamanho mignon, mas extrapola na esportividade e estilo

Mini

Já discutimos por aqui se a Mini perdeu a sua essência ao produzir modelos que se afastam de suas raízes, como o Countryman. Mas, depois de testarmos um Mini Coupé, a impressão que temos é que a marca está bem próxima de suas origens na maioria dos carros.
O Mini original já tinha versão três volumes e eram pavorosas como o Wolseley Hornet e o Riley Elf. Quando a marca renasceu pelas mãos da BMW em 2000, o Mini deixou de ser aquele popular funcional desenhado por Issigonis e passou a ser inspirado no alto desempenho dos antigos Cooper. E nada poderia estar mais de acordo com esse espírito esportivo do que um cupê.
O pequeno tem estampa para se destacar em relação ao hatch. Ao dar aquela olhada debaixo para cima, vemos que até a linha de cintura o cupê é basicamente um Mini Cooper original. A coisa começa a mudar a partir dali. O perfil assume um jeitão bem mais esportivo, graças à capota que mais parece um capacete de ciclista. A Mini é assim, cheia de inspirações moderninhas.
A impressão que se tem é que o Mini Coupé é maior que o hatch. Só que a trena desmente isso. O modelo mantém o mesmo comprimento, o que muda a altura, que parece ainda mais baixa em razão do para-brisa mais inclinado. É o suficiente para dar uma personalidade diferente. O hatch envolve você com os sentidos, esse aqui começa a te convencer que é rápido antes mesmo de dar a partida. Não tem Mini One Coupé. Se o Mini original é rock and roll, esse aqui é hard rock.

Por dentro


O original com suas duas portas enormes, espaço limitado e comandos distribuídos de acordo com a forma – e não função – já não era funcional como um compacto urbano plebeu. É o preço do estilo. Esse aqui leva esse espírito ainda mais a sério e dispensa o banco traseiro. A visibilidade traseira é sofrível: você olha para o retrovisor interno só para verificar de vez quando se ele ainda está lá, melhor ficar com os retrovisores externos estilo orelhas do Mickey após otoplastia. Como outros esportivos de estirpe, o Coupé exige um pouco mais da coluna ao entrar no carro e se sentar lá embaixo. Da mesma forma, a suspensão não é do tipo que dialoga com os buracos, parte logo para a porrada mesmo.
Toda essa minha ranhetice se vai assim que ligo o carro. A chave em formato de mordedor de bebê remete aos apetites infantis, enquanto a ignição é por um botão. Ao ouvir o ronco do motor 1.6 turbo, o retorno a infância está garantido. Nem parece um quatro cilindros, esse aqui fala mais grosso – confira no vídeo. Trabalha liso e a vontade que bate é de dar aquela acelerada assim que ele é ligado. Mas calma, vou me prender mais um pouco ao interior antes de sair arrancando com o carro. É o tempo do motor aquecer um pouco.

Só não utilizo uma metáfora do tipo “o banco é mais acolhedor que colo de mãe” porque a coisa é tão sexualizada que eu prefiro não arriscar pensar na minha velha. Sem serem tão pronunciadas, as abas laterais abraçam na medida o condutor que se senta horizontalizado, bem próximo do assoalho e perfeitamente integrado ao volante com ajuste de altura e de profundidade.
No que se refere à pilotagem, esse Mini não faz concessões ao estilo. Está tudo no lugar: pedais, banco e volante. Falando nele, a peça é de três raios e tem ótima pega. Nele vão as borboletas de mudança que entregam o DNA BMW. Quem sabe dar um combo jogando Street Fighter ou Tekken não terá dificuldade para entender as mudanças: aperta-se para reduzir e puxa-se para subir as marchas.

O câmbio é automático convencional de seis marchas, com modo de funcionamento esportivo e opção também de trocas sequenciais na alavanca. Ali podemos ver mais uma bossa do design: a manopla em forma de capacete, com a trava fazendo-se de viseira. O painel tem acabamento emborrachado na parte superior, porém todos os arremates são de primeira. Há espaço para dois passageiros e porta-malas tem acesso facilitado pela tampa integrada ao vidro, com volume de aproveitáveis 280 litros, 120 litros maior do que o hatch.
Sabe aquele outro lugar comum de que o interior “mais parece a cabine de um avião”? Pois é, a inspiração aeronáutica nesse caso permite o uso dessa desgastada expressão. Aquelas chaves de comando estilo interruptor de caça Spitfire estão por todo o canto, até no teto. Dá vontade de fazer um checklist antes de sair. As saídas de ar arredondadas remetem às turbinas.

Nesse jogo de referências, o Mini original também tem seu espaço como musa. O velocímetro é tão grande, mas tão GRANDE, que engloba uma enorme tela LCD na qual é possível visualizar informações, mapas, som (excelente!), dados mecânicos e por aí vai. Tudo isso pode ser comandando por um pequeno joystick que mais parece um pincelzinho espetado entre os bancos. Depois que se pega a manha, é até prático. Porém, deixo isso para os geeks. Quero ver mesmo até onde vai o cupêzinho.

Andando (ou correndo)

É hora de tirar o Mini da vaga. Por algum problema, o carro não estava com os sensores de estacionamento funcionando. Mas num carrinho tão pequeno, se valer da eletrônica nesse momento é como usar o cheatcode no modo easy: é fácil colocar e tirá-lo de qualquer vaga. O modelo testado conta com o pacote John Cooper Works (JCW) que inclui kit aerodinâmico e outros detalhes. Mas não se trata do mais hardcore possível, ainda há opção de câmbio manual de seis marchas indisponível para o cupê no Brasil.
Andando, sentimos que o lance dele não é lidar com as crateras urbanas por aí. Mesmo assim, na hora de negociar a passagem de valetas e quebra-molas, não é necessário travar os dentes e apelar para forças superiores. O balanço dianteiro é curtinho como nos BMW e fica fácil de superar esses inconvenientes. Não que ele o faça feliz, a suspensão é calibrada para a esportividade e deixa claro a razão de você ser equipado de série com um rim sobressalente a cada pancada.

Claro que tudo isso é fica para trás assim que começamos a ocupar mais nosso pé direito. A cada pisada, as reações são prontas, afinal, são 184 cv de potência a 5.500 rotações. Mesmo no modo automático normal, a caixa logo se encarrega de efetuar uma ou duas reduções, sem apelar para o kick-down. O Mini é baixinho, mas é ignorante. O ronco encorpado ganha muito mais volume com o crescer dos giros, tudo acompanhado através do conta-giros espetado na coluna. Com as paletas, basta escolher a marcha ideal para aquela curva que cresce diante dos olhos.

Dinâmica

Nessa hora, sem sustos. Em uma estradinha muito sinuosa, o Coupé até saiu de dianteira numa curva feita em descida feita com um pouco mais de entusiasmo. Um bloqueio do diferencial talvez limitasse o efeito do esterçamento por torque, inevitável diante da potência e do torque total disponível antes dos 2 mil giros. Mas foi só ali, noutros trechos a estabilidade foi digna de nota, o que comprova a fama dos Mini de serem alguns dos melhores carros de tração dianteira da atualidade.
Mérito do conjunto McPherson na dianteira e multilink na traseira. Ajudam as rodas aro 17 calçadas em pneus 205/45, que fazem sua parte na hora de agarrar o asfalto em curvas de alta. Aquela suspensão que te maltrata nos obstáculos, é a mesma que te afaga nas curvas sem deixar o conjunto inclinar demais. A aderência é incrementada pelo aerofólio que sobe automaticamente acima dos 80 km/h e que pode ser acionado por um botão, só para tirar onda.

Claro que não é um carrinho para se virar esquinas enquanto vê o quanto o acelerador vai até o fundo. Nessas situações, o bichinho entorta antes de se colocar no prumo. Parece um hooligan revoltado com uma derrota do Chelsea. Pudera, são 24,4 kgfm de torque entre 1.600 e 5 mil giros. Só que ao cravar o pé, o overboost eleva a pressão e leva o torque ao pico de 26,5 kgfm. Mesmo com câmbio automático e 1.265 kg, o Mini vai aos 100 km/h em 7,1 segundos e pode chegar aos 222 km/h. O consumo ficou nos 7,5 km/l de média entre cidade e estrada (60%/40%), o que não é tão entusiasmante quanto o desempenho.
Melhor do que os números é o comportamento reativo do Mini. O volante tem uma ligação muito direta com as rodas. Nem parece direção elétrica: tem peso correto em todas situações e sensação de centro de volante que só aumenta a impressão de estabilidade direcional. Apontou, o carro vai. Mudanças de trajetória são feitas prontamente. Aquela fama de “go kart” que os Mini modernos é mais do que comprovada: com rodas nas extremidades da carroceria e boa rigidez torcional, esse Mini emenda uma curva atrás da outra com uma compostura de dar inveja a esportivos mais parrudos.

As frenagens também são competentes. O pedal tem sensibilidade e curso corretos. Equipado com ABS e EBD, o sistema de freios tem discos ventilados na dianteira e rígidos na traseira e permitem desacelerações tão rápidas quanto as acelerações, sem mergulhar a dianteira em demasia ou desviar de trajetória.
No final, a sensação é que o Mini Cooper Coupé é um bocado de carro pelo tamanho. Só que a conta é de carro grande: R$ 139.950. Há opções mais baratas como o Audi A1 Sport com nível de rendimento semelhante e preço de R$ 109.900 – um tanto salgado perto do novo Fusca, de R$ 76.600 com motor 2.0 TSI de 200 cv e câmbio manual. E ainda há o parente (muito) distante BMW Série 1, que também anda junto e tem tração traseira cobrando menos. Só que, se você quer algo diferente, mais arrojado no visual e com desempenho igualmente insultante, vai ter que coçar mais o bolso.

Ficha técnica

Motor: quatro cilindros, transversal, 1.598 cm³, turbo, 16V, cabeçote com duplo comando de válvulas com abertura variável e injeção direta.
Câmbio: automático de seis marchas com trocas sequenciais
Suspensão: Dianteira do tipo McPherson e traseira do tipo multilink com barra estabilizadora. Possui controle eletrônico de estabilidade e de tração.
Freios: Discos ventilados na frente e rígidos atrás (ABS e EBD de série).
Medidas: 3,72 metros de comprimento, 1,68 m de largura, 1,37 m de altura e 2,46 m de entre-eixos.
Peso: 1.265 kg
Itens de série: ar-condicionado digital, direção elétrica, trio elétrico, bancos em couro, volante multifuncional, rádio CD/MP3 com entradas auxiliares e Bluetooth, banco com ajuste de altura, volante ajustável em altura e profundidade, sensor traseiro de estacionamento, seis airbags (frontais, laterais e do tipo cortina), controles eletrônicos de estabilidade e de tração e freios ABS com EBD.
Fotos e vídeo: Pedro Hassan
Fonte: Jalopnik
Disponível no(a): http://www.jalopnik.com.br
Comente está postagem. Ajudem e Votem no Blog do largartixa no Premio TOPBLOG Brasil 2012 http://www.topblog.com.br/2012/index.php?pg=busca&c_b=29127383

Nenhum comentário: